A virada do tempo, com a chegada de chuva e frio no Sul, veio acompanhada da previsão de que o Sul pode registrar chuva preta, segundo alerta da MetSul.
O Rio Grande do Sul deve ser o primeiro, seguido por Paraná e Santa Catarina. A previsão indica que o fenômeno também pode se estender para áreas do Paraná e de Santa Catarina, especialmente a partir desta quinta-feira, 5 de setembro.
A previsão é que a chuva que atinge a Curitiba não deve ser volumosa e deve ser pontual. Ou seja, dura apenas um dia. O acumulado de chuva em Curitiba pode chegar a 14 mm, segundo o Simepar. Na sexta, esfria e o tempo seca novamente, com volta do calor já no sábado e domingo. As máximas previstas são de 28ºC e 30ºC, respectivamente.
A chuva preta ocorre quando partículas de fuligem presentes no ar se misturam com a umidade e precipitam junto com a chuva. Essas partículas, conhecidas como “soot”, são formadas pela combustão incompleta de materiais orgânicos, como combustíveis fósseis (carvão, petróleo) e biomassa (madeira, resíduos agrícolas).
Quando esses materiais não queimam completamente, em vez de se transformarem inteiramente em dióxido de carbono (CO₂) e vapor de água, eles produzem partículas finas de carbono negro e outros compostos. Por serem extremamente pequenas, podem permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias.
Segundo João Cláudio Alcântara dos Santos – doutor em Geografia com Ênfase em Análise Ambiental pela Universidade Estadual de Maringá e professor do Centro Universitário Integrado, de Campo Mourão (PR) – a chuva preta pode trazer prejuízos às lavouras.
“Essa água suja traz partículas de carbono negro e outros gases poluentes oriundos das queimadas que podem contaminar o solo, a vegetação e alterar componentes químicos associados aos nutrientes das plantas. Por isso, é fundamental dar atenção às técnicas de manejo do solo e buscar ajuda de um engenheiro agrônomo”, explica.
A fuligem presente na chuva preta contém várias substâncias tóxicas que podem ser prejudiciais à saúde humana.
“A exposição contínua a esses poluentes pode causar problemas respiratórios, cardiovasculares e outras condições de saúde adversas. Nesses casos, é fundamental procurar ajuda médica o quanto antes”, enfatiza Santos.
O doutor em Geografia com Ênfase em Análise Ambiental ressalta que a população deve seguir as recomendações do Ministério da Saúde para reduzir a exposição às partículas resultantes das queimadas:
Aumente a ingestão de água e líquidos para manter as membranas respiratórias úmidas e protegidas.
Permaneça em ambientes fechados, preferencialmente bem vedados e com conforto térmico adequado. Quando possível, busque ambientes com ar condicionado e filtros de ar para reduzir a exposição.
Mantenha portas e janelas fechadas durante os horários de maior concentração de poluentes no ar, para minimizar a penetração da poluição externa.
Evite atividades físicas ao ar livre durante este período do ano.
Não consuma alimentos, bebidas ou medicamentos que tenham sido expostos a detritos de queima ou cinzas.
Utilize, preferencialmente, máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, que podem reduzir a inalação de partículas se usadas corretamente por pessoas que precisem sair de casa. No entanto, a recomendação prioritária é permanecer em locais fechados e protegidos da fumaça.
O que podemos fazer
Embora o fenômeno da chuva preta seja alarmante, a conscientização e a adoção de medidas preventivas podem mitigar seus efeitos.
“É vital que as autoridades tomem ações imediatas para combater as causas das queimadas e melhorar a qualidade do ar. Do contrário, todos nós podemos ser impactados direta ou indiretamente”, complementa o professor do Centro Universitário Integrado, João Cláudio Alcântara dos Santos