Um episódio polêmico envolvendo o jovem Carlos Acutis, conhecido como o “padroeiro da internet”, gerou indignação no Vaticano.
Um anúncio anônimo colocou à venda, em um leilão online, fios de cabelo atribuídos ao beato. O lance chegou a US$ 2.200 (cerca de R$ 11 mil) antes de ser removido da plataforma.
O arcebispo de Assis, Domenico Sorrentino, de 76 anos, denunciou o caso publicamente e acionou a polícia de Perugia, na Itália. Segundo ele, a venda de relíquias sagradas é estritamente proibida pela Igreja Católica. “Depois de verificarmos o leilão na internet, decidimos registrar uma reclamação. A que o ídolo do dinheiro pode levar. Temo que Satanás tenha uma mão nisso”, declarou o religioso.
A Igreja permite a doação de relíquias, mas nunca sua venda — especialmente de partes corporais ou objetos considerados de grande significado espiritual, que só podem ser distribuídos com autorização expressa do Vaticano.
Sorrentino afirmou que ainda não se sabe se os fios leiloados são autênticos, mas alertou que, mesmo em caso de falsificação, trata-se de “um insulto ao sentimento religioso” e possivelmente um golpe.
“O negócio de comércio de relíquias é predominante. Na internet, há um mercado que envolve diversos santos, como nosso Francisco [de Assis], com listas de preços. Algo impossível de aceitar”, completou o arcebispo.
Carlos Acutis, morto em 2006 aos 15 anos vítima de leucemia, ganhou notoriedade por seu trabalho de evangelização na internet e por ter criado um site que catalogava milagres eucarísticos ao redor do mundo. Ele será canonizado este mês, tornando-se o primeiro santo da geração Y e da era digital. A cerimônia está marcada para o dia 27 de abril, na Praça de São Pedro, no Vaticano.