A moradora de Ampére, Maria de Lurdes Vargas, vive dias de angústia após o desaparecimento do filho, Wagner da Silva Vargas, de 31 anos, que viajou como voluntário para lutar na guerra da Ucrânia.
O último contato feito por ele foi no dia 11 de junho, e desde então, a família não teve mais notícias.
Wagner cresceu em Santo Antônio do Sudoeste e morou com a mãe em Ampére. Nos últimos anos, mudou-se a trabalho para outras cidades, incluindo Curitiba, São Paulo e, mais recentemente, Caxias do Sul (RS), onde tomou a decisão de se alistar como combatente voluntário ao lado das tropas ucranianas.
Antes de embarcar, passou alguns dias com a mãe e ajudou em reparos na casa. No dia 3 de junho, viajou até Cascavel e embarcou rumo à Europa. “Ele me disse que queria algo melhor pra vida dele. Eu pedi pra ele não ir, mas ele já estava decidido”, contou Maria de Lurdes à Rádio Ampére.
De acordo com amigos, Wagner sempre teve interesse por assuntos militares, mas nunca teve treinamento oficial. A decisão foi repentina e surpreendeu a família. Nos primeiros dias no leste europeu, ele manteve contato constante com a mãe, mandando mensagens diárias. Mas no dia 11, avisou que ficaria alguns dias offline — depois disso, o silêncio total.
Segundo relatos de colegas combatentes, Wagner desapareceu no dia 15 de junho. No dia 27, a família recebeu uma notificação da Embaixada do Brasil informando oficialmente sobre o desaparecimento. Desde então, a mãe tem buscado ajuda: “Mando e-mail pra embaixada, mas ninguém responde. A gente está sem saber o que fazer”.
Uma mulher que se apresentou como médica, atuando na zona de conflito, entrou em contato com a família dizendo que Wagner teria morrido em um ataque de drones, mas a informação não foi confirmada oficialmente. O recrutador que o levou até a Ucrânia também se nega a dar detalhes, alegando sigilo e falta de autorização.
A repatriação do corpo, caso a morte se confirme, exige trâmites diplomáticos complexos e altos custos. Segundo a legislação ucraniana, familiares de voluntários estrangeiros têm direito a compensação financeira, mas para isso é necessário o reconhecimento formal da morte e intermediação entre governos.
Enquanto isso, Maria pede apenas uma resposta. “Se ele está morto, eu só quero poder trazer. Enterrar meu filho e ter paz. Pra uma mãe, isso é o mínimo.”